CASTRAÇÃO DE CADELAS E GATAS – PARTE 01

por | set 19, 2018 | Artigos e Novidades |

O que é:

A castração de fêmeas consiste na remoção do sistema reprodutor: ovários, trompas uterinas e corpo do útero.

É realizada incisão de pele um pouco abaixo da cicatriz umbilical, então se realiza a incisão da musculatura abdominal, por onde o cirurgião terá acesso às estruturas reprodutoras.

Os ovários localizam-se logo abaixo dos rins e sua exposição nem sempre é fácil, a depender do biotipo da paciente. Cadelas obesas e de tórax profundo (dálmatas, doberman, galgo, weimaraner…) tem acesso mais difícil.

Quando fazer:

O ideal é que a castração de cadelas e gatas seja feito logo após o término do esquema vacinal, por volta de 5 meses e meio. Não é muito bom, que se realize essa cirurgia muito cedo, pois pode ser prejudicial para o desenvolvimento final do organismo. Após essa idade, a taxa de inibição de câncer de mama, já não é tão efetiva e a aumenta a chance da cadela ficar obesa após a idade adulta.

Quando não fazer:

A castração é uma cirurgia eletiva, ou seja, pode ser programada. Dessa forma, o ideal é que sejam feitos exames pré-operatórios, a fim de comprovar que a paciente está apta a ser submetida a cirurgia. Não se deve fazer durante o cio, pois aumenta os riscos de hemorragia durante a cirurgia e no pós operatório. Não se deve fazer se a paciente tiver problemas de saúde que contraindiquem cirurgia ou que o risco cirúrgico seja maior que o benefício que será proporcionado.

Cuidados:

Quando você pensar em castrar sua cachorrinha ou gatinha avalie: o local, a estrutura, os profissionais. A castração, embora banalizada, é uma cirurgia, onde haverá invasão da cavidade abdominal, e manipulação de estruturas sensíveis. Portanto, há um certo risco!

O cirurgião: deve ser gabaritado e experiente. Pesquise na internet, peça indicações, fuja de preços muito baratos ou sem exames prévios.

O ambiente e a estrutura: deve ser dotado de centro cirúrgico com aparelho de anestesia inalatória, e monitoração com monitor multiparamétrico que avalia função do coração e oxigenação da paciente durante a cirurgia. Deve também ter disponibilidade de medicamentos que atuam na manutenção de pressão sanguínea e frequência cardíaca, contra hemorragias, etc. É interessante que exista ambiente de Internação com médico veterinário plantonista, caso a paciente necessite de monitoramento. Os materiais devem ser estéreis: embora, pareça óbvio, mas muitos lugares utilizam o mesmo material em várias cirurgias, sem qualquer tipo de esterilização. Desse modo, panos de campo, aventais, luvas e compressas devem ser estéreis. Deve se fazer uso de gorro e máscara cirúrgica. Os materiais tem que ser adequados e para procedimento cirúrgico, como fios de sutura próprios. Também parece óbvio, mas não é de hoje que nos deparamos com pacientes submetido a cirurgias em locais inadequados com profissionais despreparados  que usam materiais como barbante ou fio de pesca. Também há relatos de pessoas que fazem em residências, sem a menor higiene e monitoração ou sem luvas! Parece absurdo, mas é realidade. Veja os exemplos:

Ex 1: Paciente atendida no HOSVET Pet, 3 dias após castração em outro local. Parte do intestino delgado e epiplon exposto, com áreas de necrose, sangramento evidente. A evisceração deu-se porque, segundo sua tutora, não foi recomendado uso de proteção como roupa cirúrgica ou colar protetor, não foi recomendado uso de medicação antibiótica ou analgésicos; o fio usado na musculatura era de algodão fino (barbante); não havia tricotomia (raspagem dos pelos) da região que foi operada.
Ex 2: Paciente atendida no HOSVET Pet após ser castrada em outro local há 3 meses, mas o tutor queixavasse que a cicatrização estava infeccionando frequentemente. Durante o exame da paciente percebeu-se o uso de barbante na musculatura.

Como em qualquer cirurgia, o pós operatório é importantíssimo: a paciente deve ficar de roupa cirúrgica (não é roupa comum), ou colar protetor para que não lamba ou morda os pontos. Devem ser administrados antibióticos e medicamentos para dor. A paciente deve ter o ambiente limitado, não pode ficar subindo e descendo escadas, degraus, sofá, cama e muito menos ter acesso a rua. Não pode tomar sol nos primeiros dias.

O médico veterinário somente pode lhe entregar seu pet após a cirurgia, quando estiver consciente. Veterinários que entregam animais inconscientes estão predispondo-os a grandes riscos, pois deixam de ter controle sobre o monitoramento anestésico e que possam intervir, caso necessário.